sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Metade

Que a força do medo
que tenho
não me impeça de
ver o que sinto.
Que a morte de tudo que acredito
não me tape os ouvidos e
a boca,
porque metade de mim é o
grito,
mas a outra metade é o silêncio.

Que a música
que ouço
ao longe
seja linda e que a pessoa que EU
AMO
esteja sempre amada,
mesmo que distante,
porque metade de mim é partir
e a outra metade é SAUDADE.

Que as
palavras que falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas, como a única
coisa
que resta numa pessoa inundada
de sentimentos,
porque metade de mim é o
que ouço
e a outra é o que calo.

Que essa
minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço,
que essa tensão que me corrói
por dentro
seja um dia recompensada,
porque metade de mim é o
que penso
e a outra metade é o vulcão.

Que o medo da
SOLIDÃO se
afaste
e que o convívio comigo
mesmo
se torne ao menos suportável,
que o espelho reflita em meu rosto
um doce sorriso
que eu me lembro de ter dado a
minha face,
porque metade de mim é lembrança
do que fui
e a outra metade...eu não
sei.

Que seja
preciso mais que uma simples
alegria
para me fazer aquietar o espírito,
e que o teu silêncio me fale
cada vez mais,
porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço.

Que a arte aponte uma resposta
mesmo que eu não saiba
e que ninguém atende complicar,
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer,
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

Que minha
LOUCURA seja PERDOADA,
porque metade de mim é AMOR
e a outra... Também....

(Oswaldo
Montenegro - Poesia extraída da
musica "Metade")

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